27/03/2024 às 10h31min - Atualizada em 28/03/2024 às 04h01min

Levantamento aponta uma queda de 6% no número de embriões descartados em 2023

Analisada pela SBRA, última atualização do relatório da SisEmbrio traça o perfil dos pacientes que realizam tratamentos de reprodução assistida

Carlos Lopes
https://sbra.com.br/
Reprodução

Dados da última atualização do Relatórios de produção de embriões, da SisEmbrio, e analisados pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), referente ao ano de 2023, revelaram uma redução no número de embriões descartados em comparação com o ano anterior. O relatório revelou que em 2023 houve um descarte de 50.064 embriões, representando uma queda de 6% em relação a 2022, quando o número foi de 53.291. Essa redução é um indicativo importante de uma possível melhoria nos processos de seleção e utilização de embriões no contexto da reprodução assistida.

A diminuição no número de embriões descartados sugere uma maior eficiência nos procedimentos de fertilização in vitro. Para o médico especialista em reprodução humana assistida e membro da SBRA, Carlos Marcondes, os dados são reflexo das taxas de fertilização dos tratamentos.

“Tanto o número de FIVs, com o aumento de congelamento de embriões, como o congelamento de óvulos, tendem a aumentar nos próximos anos. Isso se deve à maior informação e às excelentes taxas de gravidez na reprodução assistida: cerca de 77% por tentativa”, afirma o especialista.

Entretanto, o médico indica cautela com a baixa do número de descartes de embriões. “Com o aumento do número de embriões congelados, naturalmente o número de embriões descartados também aumentará”, salienta Marcondes.

Os impactos emocionais em pacientes

Entre os principais motivos que levam mulheres a realizar o descarte de embriões estão questões relacionadas à qualidade do material, problemas genéticos detectados durante o processo de seleção embrionária, limitações éticas ou religiosas e decisões pessoais, como mudanças nas circunstâncias familiares ou de saúde.

Além disso, outro motivo está relacionado ao desinteresse por casais que já tiveram filhos. É o que explica o médico especialista. “Geralmente, os embriões são descartados por mulheres ou casais que já tiveram seus filhos naturalmente ou por técnicas de reprodução assistida e, por isso, não planejam ter mais bebês. Em menor número, são mulheres que desistiram de ter filhos ou casais que se divorciaram durante o tratamento”, afirma.

Em muitos casos, o descarte de embriões é uma decisão difícil e complexa, que envolve ponderações sobre aspectos éticos, morais e emocionais. As pacientes podem se deparar com sentimentos de tristeza, culpa, ambivalência e até mesmo luto durante todo o processo, especialmente se o descarte estiver relacionado a problemas de fertilidade ou a interrupções no processo de gravidez assistida.

Para a advogada Giovanna Valente, de 47 anos, os desgastes físico e mental foram decisivos ao optarem pelo descarte. “Em comum acordo, eu e meu marido decidimos por não mais fazer nenhuma tentativa. Não passar por todo desgaste físico e psicológico de uma nova FIV”, afirma a advogada.

O impacto emocional e psicológico para as pacientes que optam pelo descarte de embriões pode ser profundo e duradouro. Essa decisão muitas vezes está associada a um processo de luto pela perda potencial de uma gravidez ou de um futuro filho, é o que explica o psicoterapeuta, Paulo Milione.

“A pessoa está ali abrindo mão de algo que é parte dela biologicamente e, além disso, projetos de afetividade, de representações de continuidade do sujeito e, de alguma forma, isso impacta muito emocionalmente. Nesses casos trabalhamos com a mesma perspectiva do luto, pois tem o sofrimento, a dor, a raiva, em algum momento a barganha até chegar ao quadro de aceitação”, explica Paulo Milione.

Aumento no número de embriões congelados e ciclos de FIV

Ainda segundo análise realizada pela SBRA, o relatório revelou em 2023 um aumento no número de embriões congelados e ciclos de fertilização in vitro (FIV) em comparação com o ano anterior, indicando uma tendência de crescimento na busca por tratamentos de reprodução assistida.

De acordo com os dados divulgados, o número de embriões congelados em 2023 totalizou 107.200, representando um aumento de 9,2% em relação a 2022, quando foram registrados 97.334 embriões congelados. Além disso, os ciclos de FIV também apresentaram aumento significativo, totalizando 51.958 em 2023, contra 47.332 em 2022, o que indica um aumento de 8,9%.


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