14/09/2022 às 00h00min - Atualizada em 14/09/2022 às 00h00min

Estudo identifica eco-ansiedade em estudantes da UFSC e outras cinco universidades públicas

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A saúde mental de estudantes das áreas de Biologia de seis universidades públicas foi tema de um estudo publicado na terça-feira, 6 de setembro, no periódico internacional PLOS Biology. A pesquisa identificou um alto número de estudantes afetados pelo medo do colapso ambiental, conhecido como “eco-ansiedade” ou “luto ecológico”. 

Esse sentimento é uma nova e crescente fonte de sofrimento mental, que pode afetar particularmente a próxima geração de biólogos conservacionistas, segundo explicam os pesquisadores, que oferecem, no artigo, estratégias de cuidado e empatia que educadores podem utilizar para ajudar a prevenir o agravamento da saúde mental dos alunos. 

A pesquisa coletou informações por meio de um questionário de saúde mental respondido anonimamente por 250 estudantes de graduação em Ciências Biológicas durante o mês de março de 2022. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi uma das participantes, além das universidades federais de São Carlos (UFSCar), Pernambuco (UFPE), Juiz de Fora (UFJF), Piauí (UFPI) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). 

A maioria dos entrevistados considerou sua saúde mental recente como ruim, e afirmou que os problemas ambientais a afetam em algum grau. A maioria dos entrevistados disse que estudar e entender os problemas ambientais piorou sua saúde mental. No entanto, apesar do pessimismo geral, muitos entrevistados ainda se sentiam otimistas em trabalhar como biólogos e a maioria estava animada para buscar soluções para os problemas ambientais. Além disso, a maioria dos alunos afirmou que a opinião pessoal de seus professores influencia em algum grau suas perspectivas para o futuro.

O artigo tem autoria principal do pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Vinícius de Avelar São Pedro, e co-autoria de dois pesquisadores egressos do curso de graduação em Ciências Biológicas da UFSC – Larissa Trierveiler Pereira e Juliano Marcon Baltazar. 

O papel dos educadores

A pesquisa oferece uma série de técnicas ou ações sugeridas aos educadores para ensinar Biologia da Conservação e ciências ambientais com foco em preservar a saúde mental dos alunos. 

Os pesquisadores se basearam em suas próprias experiências em sala de aula e conversas com alunos de graduação para essas estratégias, que incluem dicas como evitar ser negativo demais; destacar as conquistas que ocorreram nos últimos anos, exemplos positivos e estudos de caso; apontar soluções teóricas para os problemas, incentivando que os alunos se envolvam em futuras pesquisas; ouvir os alunos, deixar que expressem suas opiniões; utilizar ferramentas como artes, textos literários, poesia, música, pintura; evitar colocar peso excessivo sobre os alunos com afirmações como “o futuro da humanidade depende de sua geração”; escolher com cuidado as palavras, entre outras. (leia a relação completa de estratégias ao final desta notícia)

O estudo sugere que educadores pesquisem sobre o assunto da eco-ansiedade e a saúde mental dos jovens, além de olhar para si mesmo e sua própria saúde mental. 

“A saúde mental dos jovens é uma questão séria e urgente. Encorajamos os colegas a pensar sobre as sugestões acima para o ensino de biologia da conservação e a levantar uma discussão dentro de suas instituições e departamentos”, escrevem os autores.

A pesquisadora Larissa Trierveiler Pereira afirma que o trabalho foi inspirado em problemas observados nas salas de aula da UFSCar e no relato de colegas de outras instituições. 

“Foi um estudo criado justamente para levantar essa discussão sobre a necessidade de ter um certo cuidado ao abordar com os alunos os problemas ambientais. Foi pensando em estimular a empatia e o cuidado. Vemos que os alunos não estão bem, por isso precisamos falar de perspectivas futuras e de como os estudantes, como a geração futura, podem ajudar. Estamos no mês dedicado a falar de saúde mental, o Setembro Amarelo, então é muito oportuno”, salienta Larissa.

A professora do Departamento de Botânica, do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UFSC, Maria Alice Neves foi uma das docentes que divulgou o questionário aos seus alunos durante o mês de março. Segundo ela, as estratégias propostas foram importantes porque consideram o impacto que professores têm, às vezes sem saber, sobre a carga de ansiedade dos estudantes. A transferência de informações com honestidade e empatia ajuda a aliviar esse estresse. Maria Alice disse que divulgou para seus alunos por perceber como as aulas à distância e a falta de saídas de campo durante a pandemia afetaram o comportamento das turmas, que se tornaram menos participativas. “Apesar do crescente pessimismo entre estudantes preocupados com a devastação de ambientes naturais, é a preservação da natureza e estar em contato com ela que ajuda muitas pessoas a melhorarem a saúde mental”, acrescenta. 
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