26/10/2020 às 14h09min - Atualizada em 26/10/2020 às 14h26min

Os flogueiros e o sonho de ser caminhoneiro

Jovens entre 14 e 17 anos se reúnem à beira das estradas para captar imagens de caminhões. Eles são fãs dessas máquinas pesadas e não medem esforços para ganhar destaque com a publicação em sites e canais especializados. Em comum têm o sonho de serem caminhoneiros.

DINO
http://www.fretebras.com.br


Todo mundo sabe que paixão não tem limites e leva os envolvidos a mover céus e terras para estar perto do objeto de desejo. É o que acontece com um grupo de adolescentes que passa horas à beira da estrada esperando caminhão passar. O motivo? Eles querem filmar e fotografar essas máquinas. Não importa o modelo e a cor, se são novos ou mais antigos, todos têm lugar garantido nesses corações ainda tão jovens, movidos pelo sonho de ser caminhoneiro.

A paixão por caminhões alimenta a ideia de um dia conduzir um “bicho” desses pela estrada, embora nem todos tenham um parente na profissão. Como em sua maioria são menores de idade, na faixa entre 14 e 17 anos, e ainda não podem dirigir, formam grupos e vão ampliando as amizades com o interesse comum. Eles são conhecidos como flogueiros e vêm marcando presença em número cada vez maior pelas rodovias, principalmente em trechos próximos das cidades ou em postos de combustível. 

O sonho de serem caminhoneiros para eles é muito importante, mas ainda é algo distante. Talvez por isso sejam tão perseverantes em enquadrar melhor os caminhões que passam em alta velocidade e assim conseguir uma boa imagem para chamar de sua. Depois, todo o material registrado é divulgado na intenet, através de fotologs, redes sociais e canais de vídeo que eles mesmos criam. 

Sonhos têm limites

O nome flogueiros vem de um site chamado Flogão, onde costumavam publicar as fotos de caminhões que tiravam nas estradas. Era um serviço de compartilhamento de imagens, criado em 2004 junto com o Orkut, uma época em que publicar fotos na internet ainda era novidade. Com celulares básicos e conexões lentas, esse trabalho era um verdadeiro desafio nos primórdios das redes sociais, mas já cumpria a função de conectar pessoas com interesses parecidos.

A chegada dos smartphones e os avanços na web provocaram uma adaptação à dinâmica. O mais estranho nessa história é como o Flogão conseguiu sobreviver por tanto tempo e chegar a 2019, quando encerrou as atividades. A resposta talvez esteja ligada ao fato de que nos últimos anos ele tenha sido alimentado por um nicho, justamente os admiradores de caminhões, o pessoal que mantém firme o sonho de ser caminhoneiro

Embora já mantivessem grupos nas redes e canais no YouTube, os flogueiros continuavam marcando ponto no Flogão. No entanto, o engajamento não foi suficiente para manter o site. A migração foi inevitável e opções é que não faltam. Assim esses grupos de jovens admiradores vêm mantendo sempre vivo o sonho de ser caminhoneiro

Fotografar não é crime e, mas vale ressaltar que a Polícia Rodoviária Federal (PF) monitora a prática dos flogueiros. Os motoristas flagrados em manobras arriscadas para serem fotografados podem responder por crime de direção perigosa, previsto no Artigo 175 do CTB, e a ação considerada infração gravíssima. Quanto aos garotos, quando se expõem ao risco no meio da pista, são encaminhados à delegacia para medidas cabíveis, conforme noticiado na imprensa.

Transformação digital

O alcance das páginas de caminhões é muito maior atualmente e vai além do compartilhamento de fotos e vídeos, mostrando problemas que os motoristas enfrentam nas estradas, como roubos, sequestros, e cobrando soluções. O conteúdo compartilhado pelos flogueiros segue mundo afora e eles garantem que a prática ajuda a valorizar a profissão e incentivar nos jovens o sonho de ser caminhoneiro

Os caminhoneiros, por sua vez, vêm colaborando para uma verdadeira transformação digital nas estradas. De acordo com a Pesquisa CNT Perfil do Caminhoneiro 2019, da Confederação Nacional do Transporte, atualmente, 87,8% estão conectados na internet, principalmente através do celular (98,8%). O acesso desses motoristas à rede mundial é diário, segundo 90,6% dos participantes da pesquisa, e tem entre os principais objetivos as redes sociais, a busca de informações profissionais e de notícias. 

A comunicação sobre o que acontece no setor, nas rodovias e na profissão evoluiu bastante e atualmente algumas plataformas de fretes acompanham o ritmo. A FreteBras, por exemplo, uma das maiores da América Latina, disponibiliza informações úteis para caminhoneiros e transportadoras através de Blog e Newsletter. 



 
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