15/04/2024 às 16h10min - Atualizada em 16/04/2024 às 00h00min

Estrutura de aço preenchida por resíduos da construção civil é solução sustentável para reduzir poluição sonora nas cidades

Estudo constatou diminuição de até 24% do ruído causado pelo trânsito ao propor a criação de barreiras de proteção para vias com o uso de materiais recicláveis

Caroline Melo
Aplicação da pesquisa em laboratório. Foto: Divulgação

Para reduzir ruídos do tráfego nas grandes cidades e criar mais uma possibilidade de destino correto para os resíduos gerados pela construção civil, a Belgo Arames apoiou um estudo cuja solução pode diminuir em até 24% a poluição sonora causada pelo trânsito. O projeto inédito faz parte do mestrado de Cidades Inteligentes e Sustentáveis intitulado “Utilização de resíduos de Construção Civil para preenchimento de gabiões caixa para execução de barreiras sonoras”, desenvolvido pelo professor pesquisador da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e engenheiro de aplicação da Belgo Arames Antonio Celso de Souza Junior.

Para montar a estrutura, o pesquisador optou pelo uso de uma inovação: o gabião da linha easyworks, da Belgo Soluções Geotech, primeiro em malha soldada da América Latina para uma fácil montagem e alta performance. A avaliação técnica do uso de gabiões caixa eletrosoldados Easy S®, material advindo da produção racional e sustentável da indústria 4.0, preenchidos com resíduos de construção civil para atenuar a poluição sonora nos centros urbanos é uma inovação nacional, que além de contribuir para a redução dos resíduos inservíveis dos canteiros de obras, proporciona a possibilidade do uso alternativo desses materiais para a criação de barreiras acústicas em locais estratégicos e próximos às rodovias de alto tráfego.

Barreiras acústicas já são adotadas em diversos países da Europa, em locais de grande incidência de veículos como rodovias e desemboque de túneis, porém a construção de uma barreira de material reciclado é novidade no mercado mundial. “Para a aplicação, testei um material poroso que pudesse absorver as ondas sonoras com mais eficácia e que apresentasse alta resistência às intempéries da natureza. Por isso, escolhi o rachão da construção civil proveniente de resíduos reciclados da demolição de classe A. Nessa etapa contei com o apoio da Usina de Reciclagem de Entulho RIUMA”, diz Souza.

Os gabiões são gaiolas em aço galvanizado com dimensões pré-estabelecidas, utilizados em obras de infraestrutura, preenchidos por agregados obtidos pela britagem de rochas extraídas em jazidas e incorporados em obras de geotecnia para conter e estabilizar taludes em rochas, solos instáveis e erosões em obras civis, geotécnicas e hidráulicas.

Sustentabilidade em foco
A pesquisa foi desenvolvida durante três anos e cumpriu com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) voltados para as cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis e indústria, inovação e infraestrutura. 

Durante os testes, Souza coletou ruídos em um corredor de alto tráfego veicular na avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo. A partir disso, montou barreira em escala real de 1 metro de altura por 4 metros de extensão, em um espaço controlado de laboratório e passou a avaliar a atenuação desse ruído com aparelho decibelímetro. A medição em decibéis (dB) na avenida variou de 71 dB a 90dB, valores posicionados acima do recomendado pela norma 10151/2019, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para áreas mistas, com vocação comercial e administrativa, onde o limite é 60 dB no período diurno e de 55 dB no período noturno. A constatação foi que gabiões com materiais reciclados da construção civil são capazes de reduzir o ruído do trânsito de 17% a 24%, mesmo a 6 metros de distância da via. Outros estudos complementares apontam que uma barreira em maior altura pode atenuar o ruído em até 60 decibéis.

Viabilidade comercial
O arame de aço é um material 100% reciclável e altamente durável, características que agregam maior custo-benefício ao projeto. Já o rachão de classe A da construção civil pode custar 70% menos se comparado a um material novo. Além do preço altamente competitivo, retira resíduos da natureza. 

O estudo pioneiro tem a pretensão de servir como fonte para projetos de intervenção urbana em locais públicos que considerem a viabilidade da transformação das cidades brasileiras em locais inteligentes, sustentáveis e mais saudáveis nos próximos anos.


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