20/04/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/04/2021 às 00h00min
Queda na doação de leite materno em Santa Catarina durante a pandemia chega a 50% e já preocupa
Da Redação
Solon Soares/Agência AL Com a pandemia de Covid-19, alguns bancos de leite humano de Santa Catarina registraram queda de 50% nos estoques e buscam estimular o retorno à doação como forma de salvar vidas de crianças com baixo peso que lutam pela vida em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e em maternidades.
A enfermeira-chefe do Banco de Leite Humano do Hospital Regional de São José, Ângela Huber, confirmou a diminuição na doação de leite e que a entidade esta desenvolvendo uma campanha para aumentar o número de doadoras. “Tínhamos uma média de 15 a 20 doadoras, mas atualmente, devido à pandemia, o número é de dez doadoras", afirmou.
Ela reforça que, por parte da família dos receptores, não há motivos de preocupação. Durante a triagem, um dos critérios de doação é que lactantes ou nutrizes estejam saudáveis, sem nenhuma doença infectocontagiosa.
Santa Catarina conta com 13 bancos de leite humano e nove postos de coleta. A representante da Associação Brasileira de Aleitamento Materno (Abam), enfermeira Sônia Silva, faz um apelo para que as mães continuem doando leite durante a pandemia de Covid-19, período em que muitos bancos enfrentam redução nos estoques.
Sônia Silva destaca que para doar não é preciso sair de casa e garante que todo o procedimento é seguro, tanto para mães que doam como para os bebês. “Por exemplo, em São Paulo deu uma redução de 60% nas doações de leite humano e com certeza aqui no estado também ocorreu. As mães não precisam se preocupar quanto à questão da pandemia, porque o profissional da saúde do hospital vai até ao domicílio da doadora com todos os cuidados de higiene e de prevenção em relação à Covid", disse.
O pediatra Cecim El Achkar, conhecido como Tio Cecim, em Florianópolis, um dos idealizadores do Congresso Catarinense de Aleitamento Materno, realizado anualmente na Assembleia Legislativa, destaca a importância da amamentação para o desenvolvimento das crianças e das mães. “Esse leite é mais que um alimento, é um tratamento, pois possui todos os nutrientes e anticorpos que colaboram para a imunidade dos bebês.”
SERVIÇO. Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno, basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Quem quiser doar, pode procurar o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, pelo número de telefone 136.
O deputado Fernando Krelling (MDB) é autor da lei que insere no calendário de datas e festividades de Santa Catarina o Maio Branco. “Queremos enfatizar a importância da doação de leite materno humano, sensibilizando a sociedade e divulgando campanhas que mostrem a importância desta doação na promoção da vida destes pequenos recém-nascidos”, justificou Krelling.
O parlamentar destaca que a atuação dos bancos de leite humano é de grande eficácia, propiciando a doação do alimento aos lactentes que não possam ser amamentados diretamente. "Além de prover a quantidade adequada de leite materno para esse fim, esses bancos obedecem a normas de higiene que asseguram a qualidade do leite disponibilizado aos lactentes", disse.
“Assim como nos bancos de sangue, as doações de leite humano caíram significativamente, fazendo com que os estoques praticamente zerassem. Este é mais um reflexo da pandemia da Covid-19. É preciso agir para incentivar as doações tão importantes para estes recém-nascidos", afirmou.