Moscou diz que UE e Otan reúnem países 'para a guerra' com a Rússia

A UE e a Otan estão formando uma coalizão para a guerra com Moscou, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, nesta sexta-feira, comentando sobre a concessão do status de candidatura da UE à Ucrânia e à Moldávia. 

Falando em uma entrevista coletiva em Baku após uma reunião com seu colega do Azerbaijão Jeyhun Bayramov, Lavrov disse que a situação lembra o estado das coisas antes da Segunda Guerra Mundial, quando Hitler uniu a maioria dos países europeus para uma guerra contra a União Soviética.

"Quando a Segunda Guerra Mundial estava prestes a começar, Hitler reuniu a maioria dos países europeus sob suas bandeiras. Agora, a UE e a OTAN também estão reunindo a mesma coalizão moderna para a luta e, em geral, para a guerra com a Federação Russa. Vamos analisar tudo isso com muito cuidado", disse.

Lavrov anunciou então a segunda reunião bilateral sobre a delimitação da fronteira entre a Armênia e o Azerbaijão, que acontecerá em Moscou.

Ambos os lados confirmaram a sua vontade de trabalhar no tema, considerando-o muito significativo para a atual fase do acordo, observou.

"Esta reunião foi acordada (para acontecer) em Moscou, e atualmente estamos selecionando datas que seriam convenientes para ambos os lados", disse ele.

Lavrov também reiterou a disposição da Rússia em contribuir para a assinatura de um tratado de paz entre Baku e Yerevan e apoiou a ideia de cooperação em formato 3+3 no Sul do Cáucaso, compreendendo Armênia, Azerbaijão e Geórgia e seus três "vizinhos" - Rússia, Türkiye e Irã.

Questionado sobre conceder à Ucrânia e à Moldávia um status de candidato à UE, Lavrov disse que, ao contrário da OTAN, a UE não é uma organização militar e, portanto, a participação nessa estrutura não representa ameaças à Rússia.

Mas Lavrov também observou que Moscou vem seguindo os passos da UE e duvida que a "política russofóbica" do bloco se dissipe em breve. 

Por sua parte, Bayramov disse que a prioridade de Baku é a normalização e a paz de longo prazo na região, e este processo não pode ser "refém" do Grupo de Minsk da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em Karabakh, que não não existe atualmente.

O Minsk Group, um órgão da OSCE, foi encarregado há cerca de três décadas de resolver a disputa de Karabakh, mas não obteve resultados em quase três décadas, enfatizou.

O Grupo OSCE Minsk, co-presidido pela França, Rússia e Estados Unidos, foi formado em 24 de março de 1992 para encontrar uma solução pacífica para o conflito, mas sem sucesso. Os co-presidentes do Grupo Minsk, que visitaram os dois países periodicamente e se reuniram com as autoridades, não fizeram nada mais do que emitir advertências às partes para respeitarem o cessar-fogo todas as vezes.