21/12/2020 às 00h00min - Atualizada em 21/12/2020 às 00h00min

Reformas estruturais marcam perspectivas para 2021, diz Fiesc

Da Redação
Divulgação
A reunião de diretoria da Fiesc (Federação das Indústrias), realizada na última sexta (1)8, contou com a participação do presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos Brics, Marcos Troyjo. Por meio de vídeo, ele comentou os projetos que estão sendo realizados pelo banco e também fez uma avaliação do atual cenário econômico vivenciado em todo o mundo. O banco é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 

De acordo com Troyjo, há uma maneira muito precisa de caracterizar o que está acontecendo hoje no mundo. “Estamos vivendo a transição da globalização, uma espécie de organismo vivo que mantém as mesmas características por anos que depois evoluem e se configuram em um novo cenário. Foi o que aconteceu na queda do Muro de Berlim e no desmantelamento da União Soviética. Passamos a viver um cenário com grande ênfase no comércio internacional, no livre intercâmbio de bens e serviços, cadeias de produção global, um fluxo mais intenso e desimpedido de investimentos estrangeiros diretos e processos de integração econômica regional”, descreveu Troyjo. 

Na visão do executivo, a grande crise de 2008 trouxe o risco de desglobalização. “Saímos de uma fase de globalização profunda para o risco de desglobalização, um tema bastante recorrente nos últimos dez anos. Os marcos são bastante claros: o aumento do protecionismo no mundo, a decisão dos britânicos de sair da União Europeia em 2016, mais países impondo barreiras restritivas do ponto de vista de tarifas, ou cotas ao comércio internacional”, elencou Troyjo, lembrando que o fluxo global de importações e exportações é menor do que a expansão do produto interno bruto global. “É a primeira vez que isso acontece durante um período sustentado de anos. Há mais restrições no mundo. O conjunto de todas essas características perfazem um cenário de risco de desglobalização”, explicou.

GLOBALIZAÇÃO.

Para o presidente do Banco dos Brics, há pelo menos quatro tendências muito claras que vão marcar a globalização: o crescimento das economias emergentes, a reconfiguração das cadeias globais de valor, os acordos de comércio e as reformas estruturais que precisam ser promovidas em diversos países, inclusive no Brasil. Troyjo afirmou que há um paradoxo no mundo entre o gigantesco estoque de poupança mal-remunerada, porque as taxas de juros estão baixas, e a necessidade de infraestrutura. “Agregaria ainda a esse desenho do cenário global para 2021 a importância do talento. Para o indivíduo, vai significar ‘o que mais você pode fazer?’, é o talento como a capacidade de realizar multitarefas”, disse. 

A reconfiguração das cadeias globais de valor se dá pela evolução de economias de grande peso, como é o caso da China. “Não é mais uma economia ‘low cost’. Ela está agregando bastante valor, tecnologia, já desponta no depósito de propriedade intelectual e há um grande fluxo do PIB sendo direcionado para atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, informou Troyjo. 

Além da evolução das principais economias do mundo, outro elemento são os acordos de comércio, que são acordos de investimento. “É bom sublinhar que uma parcela gigantesca do comércio internacional na realidade é um comércio intrafirmas, ou seja, uma mesma empresa que opera em diferentes jurisdições, um mesmo conglomerado empresarial. É natural que o fluxo de investimentos seja majoritariamente influenciado e, portanto, dando forma às cadeias globais de valor, como resultado dos acordos de comércio”, explicou. 

Para apoiar os países no enfrentamento dos desafios de saúde impostos pela pandemia e na retomada econômica, o banco dos Brics ofereceu uma linha de crédito de R$50 bilhões. “Queremos ser parceiros das economias emergentes que representarão uma fatia cada vez maior do PIB mundial. Se conseguirmos fazer isso, o  Brasil, no caminho das reformas, vai se consolidar como uma das economias mais dinâmicas do século 21”, avalia. 
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